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Foto do escritorDaniela Weber

A mulher no Agronegócio


A participação feminina na área do Agronegócio tem crescido vertiginosamente.

Há uma música que tem a seguinte frase: “de tantas mil maneiras que eu posso ser, estou certa que uma delas vai te agradar”. Ela define exatamente o tema do artigo de hoje, pois, dentre tantas formas, a presença da mulher no agronegócio é algo que tem agradado bastante o mercado brasileiro.


É evidente que seria falácia dizer que a mulher jamais trabalhou no campo, pois os grandes empreendimentos na agricultura e na pecuária surgiram apenas nas últimas décadas. Até então, a agricultura era unicamente familiar e a mulher, diariamente, estava na lida com o marido, lado a lado, exercendo as mesmas atividades, principalmente no arado e no cabo da enxada. O que acontecia, simplesmente, era a ausência de reconhecimento ao seu esforço.


Com a expansão das terras e o surgimento do plantio direto, todavia, o homem tomou frente nas atividades no campo, sendo, nas últimas décadas, maioria esmagadora exercendo o ofício. A eles, eram atribuídas as tarefas “mais importantes”, enquanto às mulheres, restavam os trabalhos de caráter subordinativo, considerados mais “leves”. Com a crise dos anos 90 e a queda nos preços dos principais commodities, muitas mulheres passaram a buscar formação técnica e saíram do campo, acentuando ainda mais a predominância masculina no setor.


A grande virada começou quando os maquinários se tornaram mais sofisticados, exigindo maior nível de conhecimento técnico perante as atividades a serem desenvolvidas no campo. Na agricultura, as monoculturas passaram a contar com a agricultura de precisão, na pecuária, ordenhadeiras de alta tecnologia e técnicas avançadas de criação e produção de carne e leite ganharam espaço. Passou-se a entender que era possível evitar o desperdício para acentuar os lucros, e o conhecimento tornou-se mais importante que a força física.


Não somente por esses fatores, mas também pela a compreensão que se teve de que a atividade rural é multidisciplinar, é que foi sendo aberto um mercado mais amplo. Diante de tantas tecnologias, sem que a força física fosse o fator preponderante para o trabalho, as mulheres começaram a ganhar força no meio rural. Hoje, muitas são as que vivem do agro, dentre as quais, podemos citar: produtoras rurais, agrônomas, administradoras, advogadas, contadoras, pesquisadoras e até mesmo operadoras de máquinas.


Nesse artigo, inclusive, relato conhecer duas pessoas do norte do Mato Grosso que merecem especial destaque: uma delas, técnica agrônoma, toma frente de uma estação de pesquisa de uma multinacional. Sua eficiência na estação de pesquisas de sementes é admirável, tanto, que disputou por muito tempo o cargo com homens, tendo se destacado entre eles e conquistado a posição de chefia.


Outra mulher de destaque é uma que vive em uma fazenda familiar, cuja atividade principal é o plantio de grãos. Ela fez curso técnico na área e há alguns anos é encarregada de operar a sua New Holland CR 9060. Os resultados foram surpreendentes, pois a máquina apresentou histórico de quebra imensamente menor, em relação à CR9060 operada pelo companheiro de colheita. Inclusive, tem sido cada vez mais comum a mulher operar maquinário naquela região, dada sua habilidade em trabalhar com máquinas “delicadas”.


Infelizmente, a quantidade de mulheres contratadas para o mister rural ainda é bastante discreta. Segundo uma pesquisa realizada pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), quase 60% das mulheres do agro são proprietárias de imóveis, cerca de 30% são funcionárias ou colaboradoras, dentro e fora das porteiras, e apenas 10% delas exerce cargo de gerência ou chefia. Mas isso é um imenso avanço. Assim como os homens, as mulheres também possuem atributos que vêm a somar na produção rural, e num futuro ideal, veremos a qualidade nos serviços ser fator preponderante para a escolha do profissional, e não o seu gênero masculino ou feminino.



Autora: Daniela de Almeida Weber - OAB/GO 55.033 Advogada na Álvaro Santos Advocacia

Tesoureira na Comissão da Advocacia Jovem - Jataí


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